O planejamento, programação e controle da produção (PCP) tem como objetivo principal garantir que a produção de uma organização atenda a sua real demanda, nas quantidades e prazos corretos. A principal dificuldade desse processo é o correto equilíbrio entre a confiabilidade da entrega ao cliente e a manutenção de estoques baixos, favorecendo a venda e diminuindo custos, respectivamente.

Dessa forma, para a escolha do sistema de gestão da produção é crucial conhecer as características de sua demanda e de seu sistema produtivo. A fim de atingir seus objetivos de venda, cada empresa tem características básicas importantes que devem ser consideradas na definição do melhor sistema de PCP.

Um sistema de PCP inadequado pode gerar sobras e faltas de componentes que impossibilitam a entrega do produto final. Além disso, um sistema falho pode ocasionar reprogramações e interrupções de fluxo que geram atrasos e minimizam a confiabilidade do processo.

Produção empurrada

A produção empurrada existe em situações como a do MFV onde o cliente envia uma demanda desnivelada ao PCP, que é responsável pela programação semanal. Entre os processos, existem estoques intermediários, caracterizando o MFV como produção empurrada.

Além disso, a produção empurrada possui os seguintes problemas:

· Longos lead times;

· Lotes econômicos;

· Reprogramações e interrupções no fluxo;

· Estruturas de produtos complexas;

Os problemas da produção empurrada geram um fenômeno conhecido como efeito chicote (ou Forrest), que diz que uma pequena variação no início de uma cadeia de suprimentos resulta em uma grande variação em seu final. No âmbito da produção, esse efeito diz que variações na demanda final do cliente causam grande impacto nos estoques intermediários do fluxo, fazendo com que se tenha grandes estoques nos processos iniciais e estoques menores no final do fluxo.

Por fim, os principais problemas da produção empurrada, são:

• A falta de um mecanismo eficaz para saber, no tempo correto, quais peças serão necessárias em um processo sem que haja a intervenção de um supervisor;

• Baixa confiabilidade dos sistemas de informação devido a erros de apontamento de saídas, estoques e refugos;

Produção puxada

A produção puxada é um sistema de programação e controle de produção em que cada etapa do processo só deve produzir um bem ou serviço quando um processo posterior ou o cliente final solicitar. Essa solicitação acontece através de um supermercado, que se localiza entre os processos e consiste em um estoque de consumo controlado. A responsabilidade pela programação diária é transferida para o chão de fábrica pela produção puxada, eliminando o problema da interferência do supervisor ou líder nesta programação.

Temos o mesmo mapa apresentado anteriormente, porém, com produção enxuta. Neste caso, diferentemente do fluxo de valor empurrado, o PCP programa apenas o processo puxador que, ao consumir um item do supermercado, sinaliza para os processos anteriores a necessidade de se produzir mais itens. Após o processo puxador, o sistema funciona em fluxo contínuo (FIFO). Deste modo, todos os itens são controlados por sistema puxado.

Alguns aspectos da produção puxada merecem atenção adicional, pois são considerados como problemas característicos:

• Os supermercados, apesar de serem estoques controlados, geram custos proporcionais à variedade de itens;

• Processos compartilhados entre famílias de produtos;

• Demanda instável;

• Produtos com diferentes características de demanda.

Isso gera uma variação no volume total da produção que, mesmo sendo pequena, pode significar uma grande variação em produtos individuais. Como consequência, produtos que possuem maior mix também possuem maior supermercado e geram maiores custos de estoque, pois as características de demanda impactam diretamente nos custos dos supermercados.

Sistemas híbridos de produção

As respostas para as questões do tópico anterior são dadas através da apresentação do desenvolvimento de sistemas híbridos de PCP. Os objetivos desse tipo de sistema são: eliminar práticas internas que geram amplificação da demanda e adequar o sistema para alta variedade de produtos e demanda flutuante.

Um sistema híbrido de programação e controle da produção consiste na adoção, em um mesmo fluxo de valor, de diferentes estratégias de produção (MTO, ATO e MTS) e tipos (MRP, Kanban) de emissão e controle das ordens de produção.

Temos um exemplo de uma estrutura de sistema híbrido de produção. O cliente faz a demanda para o PCP, mas também pega itens do supermercado. O processo produtivo é controlado tanto pelo PCP quanto por Kanban.

Introdução ao sistema puxado

A estrutura básica de um processo puxado pode ser vista abaixo, onde estão ilustrados o processo cliente, os símbolos de produção puxada, supermercado e Kanban.

Kanban é um sistema de informação visual que fornece instruções para o processo de produção sobre:

• O que deve ser produzido;

• Quando deve ser produzido;

• Quanto deve ser produzido;

O supermercado é um estoque controlado onde:

• O cliente encontrar o que precisa – o item procurado sempre deve estar disponível;

• O fornecedor repor o supermercado antes que os níveis mínimos de peças definidos sejam atingidos;

• O número de cartões Kanban limita a quantidade de itens em estoque.

Ganhos do sistema puxado

A implementação de um sistema puxado permite os seguintes ganhos:

• Otimização do fluxo de informação;

• Maior velocidade de resposta – a resposta é baseada no consumo real de produtivo, não na estimativa;

• Melhor ocupação do espaço físico devido ao dimensionamento dos supermercados;

• Eliminação de problemas de falta e sobra;